Uma coisa de cada vez
Não dá pra lutar todas as lutas, abraçar todas as causas, agarrar todas as oportunidades. Quem te fez acreditar nisso mentiu. Uma hora ou outra, uma coisa ou outra, vamos ter que escolher. Não dá pra abordar todos os assuntos, falar todos os idiomas, ir por todos os caminhos. Muitos? Dá. Vários? Sim. Tudo e todos? Humanamente impossível, sinto muito te contar. E aí o que a gente faz? Tenta lutar todas as lutas, abraçar todas as causas, agarrar todas as oportunidades. O problema é que somos um só, temos só dois braços, um coração e um cérebro as vezes bem confuso. E já te disseram que quem escolhe muita coisa não escolhe nada? Que quem escolhe ficar em cima do muro provavelmente fica nele pra sempre? Eu sei, escolher é foda, ainda mais com tanta opção.
Mas tem conversa que dá pra deixar só pra mesa do bar, tem causa que não faz sentido com a nossa verdade, e tem oportunidade que não é pra gente. Querer agarrar tudo como se fosse nosso é pra não sair do lugar com tanta ideia, pensamento e direção. Querer lidar com tudo é um convite pra querer fugir de tudo quando vê que não tá dando conta. Querer fazer tudo é pedir pra dar ruim (e não dar em nada) ali na frente.
E a gente segue mesmo assim. Enquanto eu to aqui escrevendo isso, eu to tentando lutar várias lutas, abraçar várias causas e querendo agarrar várias oportunidades.
E quanto mais eu tento achar que sou super-heroína e quero tudo, pra ontem, ao mesmo tempo, do meu jeito, meu cérebro já me fala “ei ei ei, parou! Uma coisa de cada vez”. E eu repito como um mantra pra ver se entra dentro da teimosia que eu insisto em ter:
uma
coisa
de
cada
vez.
A vida é escolher as batalhas, quer você queira ou não. É parar de ficar apagando incêndio (principalmente aqueles que não são nossos), é recalcular a rota, mas buscar uma. Ou duas. Mas deixa que elas ao menos conversem, se deem bem. É entender que podemos mostrar algumas coisas, não necessariamente todas. É entender que por mais que a gente queira o mundo inteiro, primeiro tem que conseguir se situar no bairro. Entende? Muitas vezes eu não.
Limitações e escolhas são, na verdade, libertadoras. Ou podem ser, se escolhermos olhar pra elas assim.
É sempre como a gente olha, pro que a gente decide olhar. E se a gente entender que é uma coisa de cada vez, talvez a gente pare de agarrar o que não é nosso, lutar as lutas que realmente queremos e abraçar as causas que cabem nos braços.
Fácil? Nem tanto. Mas a gente segue repetindo o mantra.